Com nicotina salinizada, dispositivos eletrônicos para fumar são preocupação crescente de saúde pública. Apesar da proibição, podem ser facilmente encontrados trazendo riscos à saúde
No Dia Mundial sem Tabaco, celebrado neste sábado (31), a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES) chama a atenção para o aumento do uso dos cigarros eletrônicos, especialmente entre jovens. Muitas vezes vistos como inofensivos, esses dispositivos contêm nicotina sintética, sais diluídos e outras substâncias tóxicas que provocam dependência e podem causar doenças respiratórias, cardiovasculares e até câncer.
“Os cigarros eletrônicos se disseminaram entre adultos como uma opção ‘cheirosa’ aos cigarros convencionais e entre jovens como a ‘febre do momento’. O que a população precisa entender é que esses dispositivos não são inofensivos”, alerta Carla Tatiane Rodrigues Soares, gerente de Prevenção e Controle do Tabagismo da SES.
Matheus Moreira Pirolo, fiscal de Vigilância Sanitária e gerente de Apoio ao Sistema Estadual de Vigilância Sanitária, reforça que os cigarros eletrônicos, também chamados de pods ou vapes, podem causar graves danos ao pulmão, problemas cardiovasculares e aumentar o risco de câncer. “Seus efeitos são potencializados pelos sais de nicotina e outras substâncias sintéticas agressivas camufladas com sabor de frutas”, explica.
Embora a Anvisa proíba a comercialização, importação e propaganda desses produtos desde 2009, a venda ilegal ainda acontece com facilidade. Por isso, a SES reforça a importância da fiscalização e da informação contínua sobre os riscos do uso e sobre as terapias de cessação do tabagismo oferecidas pelo SUS.
Em 2023, foram apreendidas mais de 2.600 unidades de cigarros eletrônicos em Mato Grosso do Sul, e em 2024 as ações de fiscalização continuam em todo o estado. A SES também promove campanhas educativas em escolas da Rede Estadual de Ensino, por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), além de orientar profissionais de saúde e incentivar ambientes escolares livres do uso desses dispositivos.
Entre as iniciativas, está o “Protocolo de 5 Ações”, lançado em maio de 2024, que orienta os municípios a enfrentarem a comercialização e o consumo de cigarros eletrônicos.
“Países como Estados Unidos, Inglaterra e Bélgica têm adotado medidas judiciais e legais cada vez mais restritivas para controlar a venda desses dispositivos e ampliar os espaços coletivos livres de nicotina”, destaca Matheus Pirolo.
Ele reforça que os consumidores têm direito a exigir que bares, restaurantes, casas noturnas e demais estabelecimentos mantenham ambientes fechados ou parcialmente fechados livres da fumaça tóxica do cigarro eletrônico.
Para quem deseja abandonar o vício da nicotina, seja do cigarro convencional, eletrônico ou outros fumígenos, Carla Tatiane orienta a buscar a unidade básica de saúde mais próxima para avaliação médica e o às terapias de cessação disponíveis no SUS.
A Coordenadoria Estadual de Vigilância Sanitária da SES lembra que a multa para quem comercializa, armazena, transporta, divulga ou permite a venda desses dispositivos pode chegar a R$ 30 mil, além da apreensão do produto e interdição do local por até 90 dias.
Denúncias sobre venda ilegal de cigarros eletrônicos podem ser feitas pelo telefone 0800 647 0031 ou pelo 136, da Vigilância Sanitária.