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sábado, 14 de junho, 2025
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Projeto “Música Erudita nas Escolas e Universidades” leva arte clássica a crianças do interior de MS

Em concertos gratuitos, o grupo Opus Vivare desmistifica a música clássica e cria pontes entre séculos de história e o público de Jardim e Aquidauana

O que Bach tem a dizer para crianças de escolas públicas? Como Vivaldi pode ecoar nas ruas de terra do interior? O projeto “Música Erudita nas Escolas e Universidades” responde a essas perguntas não com palavras, mas com a força transformadora da arte. Nos dias 17 e 20 de junho, o trio Opus Vivare – formado pelo violonista Evandro Dotto, a soprano Bianca Danzi e o violinista Gabriel Almeida – apresentará um repertório que vai do Renascimento ao século XXI no Centro Cultural da UFMS em Aquidauana (17) e na Vila Angélica, em Jardim (20), sempre às 19h30, com entrada gratuita.

Idealizado por Evandro Dotto, músico que cresceu em projetos sociais, o projeto nasceu de uma inquietação: “A música erudita muitas vezes fica restrita a teatros de grandes capitais, como se fosse um tesouro trancado. Nossa missão é tirá-la dessas salas e devolvê-la às pessoas”, explica.

Com um repertório que inclui desde canções do Barroco até composições regionais sul-mato-grossenses, o grupo proporciona mais que um concerto: uma verdadeira viagem sensível pela história da música. “Quando toco uma peça que retrata a construção da Avenida Afonso Pena em Campo Grande no século XX, vejo os olhos do público se iluminarem. É música erudita viva, feita por compositores da nossa terra”, emociona-se Evandro.

O impacto do projeto vai além da plateia. “Já vi crianças pegarem violões de papelão depois das apresentações, imitando nossos gestos. Quem sabe não estão plantando ali um futuro músico?”, destaca o violonista.

Para a soprano Bianca Danzi, cantar para escolas e comunidades é uma lição de humildade e encantamento. “Cantar ‘Mi chiamano Mimì’, de La Bohème, num pátio de escola, para crianças que nunca ouviram ópera, é mágico. Elas acham que é ‘música de filme’ – e aí contamos que, na verdade, os filmes é que usam nossa música”, conta sorrindo.

A artista também ressalta a importância de interpretar obras em português. “Quando cantamos composições brasileiras ou contemporâneas, a conexão é imediata. Um menino me disse uma vez: ‘Nossa, dá para entender tudo!’. Ele não sabia que música erudita também tem letra, só que geralmente em outros idiomas”, explica.

O concerto é um verdadeiro mapa do tempo: do Renascimento e Barroco, com obras de Bach e Vivaldi que evidenciam a precisão matemática da música, ando pelo Romantismo, com árias líricas de Puccini que revelam a explosão emocional do século XIX, até o Moderno e Regional, com composições locais que provam que a música erudita continua viva e atual.

“Não queremos ‘ensinar’, mas provocar a curiosidade. Quando uma criança pergunta: ‘Como o violino faz aquele som?’, ela já começou sua jornada”, reflete Bianca.

O projeto é viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, por meio de edital do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, via Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

A entrada para as apresentações é gratuita, convidando toda a comunidade a se encantar com a riqueza da música erudita, reimaginada e trazida para perto das pessoas.

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