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sábado, 14 de junho, 2025
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Descontos suspeitos em benefícios do INSS levam 488 mil aposentados às agências dos Correios

Em apenas duas semanas de atendimento presencial, mais de 488 mil aposentados e pensionistas procuraram agências dos Correios em todo o Brasil para contestar descontos indevidos em seus benefícios previdenciários. O serviço, que começou a ser oferecido em 30 de maio, tem como objetivo atender principalmente segurados com dificuldade de o à internet, celular ou computador.

A ação é parte da força-tarefa do INSS para combater fraudes que envolvem descontos não autorizados por associações e sindicatos. Segundo o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social, Gilberto Waller, que visitou nesta sexta-feira (13) a agência central dos Correios em São Paulo, o número de atendimentos já representa mais de 10% do total de contestações feitas por meio da plataforma digital. “É um atendimento humanizado, olho no olho, presencial. A pessoa se sente segura”, afirmou Waller.

Fraude pode chegar a R$ 1,8 bilhão

Desde a deflagração da Operação Sem Desconto, em abril, já foram registradas mais de 3,1 milhões de contestações, número próximo da projeção feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal, que estimavam cerca de 4,1 milhões de possíveis vítimas.

Do total, 512 mil contestações já foram respondidas pelas entidades, que apresentaram documentos supostamente autorizando os descontos. No entanto, ainda não é possível estimar com exatidão a dimensão da fraude, mas se todas as contestações forem confirmadas, o prejuízo pode atingir R$ 1,8 bilhão, chegando a R$ 2,12 bilhões com correção.

Segundo o presidente do INSS, muitas das entidades envolvidas surgiram entre 2020 e 2021 e aplicavam descontos abaixo da média de R$ 48, para não chamar a atenção dos beneficiários.

Correios seguirão atendendo beneficiários

A partir de segunda-feira (16), os aposentados e pensionistas que já contestaram os descontos há mais de 15 dias úteis poderão retornar às agências dos Correios para consultar a resposta das entidades envolvidas.

O atendimento é gratuito e o beneficiário precisa apresentar apenas um documento com foto. Caso não possa comparecer, pode nomear um representante legal com procuração autenticada. O serviço está disponível em mais de 5 mil agências dos Correios no país — só no estado de São Paulo, são 634.

“Esse atendimento é muito fácil e ágil. No caso de se constatar o débito, o aposentado já pode fazer a contestação na hora e receber um protocolo”, explicou Vinícius Moreno, superintendente estadual dos Correios da região metropolitana de São Paulo.

Depoimentos revelam indignação e alívio

A aposentada Maria Alves de Oliveira, de 83 anos, esteve nos Correios em busca de informações, mesmo sem ter identificado descontos. “Isso tudo é muito desumano. O ladrão roubando da gente que ganha apenas um salário mínimo”, desabafou.

Já Luiz Alberto Ribeiro de Sena, 70 anos, descobriu no local que havia um desconto não autorizado. “Isso é um roubo. Pretendo receber meu dinheiro de volta, seja lá quanto for”, disse, visivelmente indignado.

Enquanto isso, Edson Conceição Santos, 74 anos, saiu aliviado ao constatar que não houve desconto em seu benefício. “O lema de todo aposentado hoje é se sentir aliviado”, disse ele, que fez questão de conversar pessoalmente com o presidente do INSS.

Governo promete ressarcimento com dinheiro dos fraudadores

Segundo Waller, não há ainda uma data para o ressarcimento, mas o governo trabalha para que ele seja feito o mais rápido possível, utilizando recursos provenientes do bloqueio de bens das entidades fraudulentas. Até agora, cerca de R$ 2,8 bilhões foram bloqueados.

O INSS alerta que nenhum funcionário está autorizado a fazer visitas domiciliares para tratar do tema. O atendimento é feito apenas pelo aplicativo Meu INSS, site oficial, Central 135 ou presencialmente nas agências dos Correios.

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